quarta-feira, 20 de janeiro de 2021

Angola é uma ofensa para pessoas com deficiência - Por: Luis da Silva Ubuntu


Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos.” Assim começa o Artigo 1º da Declaração Universal dos Direitos Humanos.

 

A frase acima é uma verdadeira utopia, partindo pelo Pressuposto que a palavra "desigualdade" podia ser usada para definir o mundo em que vivemos. No entanto, nesse mundo cheio de desigualdades, eu quero falar especificamente de um grupo de pessoas que durante anos são obrigadas a viver com a desigualdade no nosso amado país, Angola. Essas pessoas são os deficientes físicos.

 

Eu estava na porta da universidade conversando com um amigo, e, ao nosso lado estava uma cadeirante, ela aguardava para que alguém a pudesse acompanhar até a Mutamba, para pegar um táxi de volta para casa. No entanto, pude ouvi-la pedindo favor a um colega para que a acompanhasse, mas infelizmente o jovem iria de um caminho diferente. Então decidi me oferecer para acompanhá-la.

 

Saímos da universidade e logo no primeiro passeio os obstáculos eram abundantes, desde pedras a postos de energia visivelmente mal situados. Os passeios das ruas de Luanda são uma ofensa para os cadeirantes, são tantas pedras que quase sempre travam os movimentos da cadeira de rodas. Eu precisava colocar bastante força para manter o carro estável e a jovem confortável.

 

Quando passamos pelo hotel EpicSana, fomos obrigados a caminhar pela estrada, porque o passeio estava completamente invadido por pedras e comerciantes. Paramos no sinal vermelho do semáforo, como se estivéssemos a conduzir um automóvel ou motociclo, tudo porque não era possível subir ao passeio devido a altura do mesmo.

 

Quando finalmente chegamos à Mutamba, conseguir um táxi era outro problema, quase  todos táxis passavam como se não nos vissem, coisa que a jovem disse já estar acostumada. Fez referência que muitas das vezes para conseguir um lugar no táxi os lotadores* precisam colocar a sua autoridade sobre os motoristas.

 

Nesse dia, eu pude enxergar como a cidade de Luanda trata de forma desigual os cadeirantes; existem diversas instituições renomadas nesse país que nem sequer uma rampa têm para o acesso de pessoas com deficiência. Os passeios e muitas pedonais reflectem a exclusão dos cadeirantes.

 

Quase que não existem políticas a favor dos cadeirantes, e, se existem, talvez estejam todas guardadas numa gaveta desses escritórios de luxo cheio de pessoas desumanas vestidas de fatos caros. O acesso à educação, saúde e outros serviços que deveriam ser de direito para todo cidadão, são verdadeiras impossibilidades para os cadeirantes.

 

Nesse mesmo dia, perguntei para mim mesmo se já tinha visto um cadeirante acessando o transporte público, e, a resposta foi que não. É uma dificuldade enorme para que uma pessoa cadeirante consiga subir num autocarro público, Podemos convidar o Tom Cruise e dizer mesmo que é uma missão impossível.

 

 

Agora pensa comigo! Quando a "Cidade de Luanda" a nossa amada capital, uma das cidades mais caras do mundo, é um verdadeiro bicho de 7 cabeças ou mais para os cadeirantes, o que pensar das condições e dificuldades vividas por pessoas cadeirantes que vivem nas periferias de Luanda? Como será que vivem os cadeirantes nas demais províncias de Angola? Vou deixar a vossa imaginação responder a essa questão, já que utopia é a palavra de eleição desse nosso amado país em que quase tudo está bem, e, o que não está havemos de corrigir.

 

20.01.2021

[Por: Luis da Silva Ubuntu]

#DoSambilaParaOmundo

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Um comentário:

  1. A nossa amarga realidade, a necessidade de igualdade é em si uma desigualdade.

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