- Homem é cão! - falou dona Lu após a revelação da dona Zumba.
- É mesmo cão, mana! Enquanto estava desempregado eu lhe sustentei com o meu dinheiro da zunga, agora que conseguiu um bom trabalho me falou na cara que não pode ter mulher zungueira.
- E as crianças, como ficam?
- Mana, o pior é que ele quer levar as minhas crianças para viver com a cabra que ele arranjou agora. Mas eu já lhe disse, você vai só, mas se você tocar nos meus filhos vou te arrebentar os macatas.
- Homem, mana, homem é cão! Vou te contar a minha história:
- Desde mais jovem que eu sempre tive o corpo avantajado, não sabes o quanto já me odiei por isso! Quando eu fazia o médio, eu era uma das meninas mais inteligentes da minha sala. Sendo sincera, eu era a menina mais inteligente da escola mesmo. Mas os professores não queriam saber, só faziam comentários nojentos sobre o meu corpo.
- Isso acontece até hoje! - retrucou dona Zumba. Dona Lu continuou:
- Uma vez, eu estava distraída na porta da sala, de repente senti alguém roçando todo corpo por trás do meu.
- Ehhhhh! - admirou dona Zumba.
- Quando virei, era o meu professor de matemática. Não consegui me controlar, lhe dei uma chapada bem esquentada da cara.
- Lhe merece aquele cão! - dona Zumba aplaudiu.
- Desde sempre eu fui sangue quente, Zumba. Mas continuando... Assim que lhe dei a chapada, eu fiquei com muita raiva e comecei a chorar, no mesmo momento fui ter com o director. Expliquei tudo ao director, sabes o que ele me disse?
- Não sei, mana. Me fala!
- Me disse, assim vamos expulsar um professor por tua causa e eu não ganho nada com isso?
- Ehhhhh! Outro cão! Grande cão!
- Eu lhe disse, o que o director está a dizer? Ele nem teve medo de responder, disse em alto e bom som "Se quiseres que o professor seja expulso você precisa dormir comigo".
- Ehhhhh! Muito azar, mana. Também deste na cara desse cão?
- Nem consegui reagir, Zumba. Não consegui acreditar. Desde aquele dia nunca mais voltei numa escola. Até hoje quando penso na escola fico a tremer.
- Imagino, mana. Ehhhhh!
- Nunca contei nada em casa. Meu pai era camponês, e, aquele senhor tinha poder, podiam só matar o meu pai.
- Esse é o problema, mana. Os ricos se protegem enquanto os pobres se matam. Até aqui na zunga agora estão a se mandar tala.
- Verdade, mirmã, verdade! É mais fácil nós probre se matar do que os poderosos.
- E teu marido sabe dessa história?
- Aquele cão sabe tudo de mim. - as duas sorriram. - Mas ele é um grande homem, ela sabe respeitar as mulheres
- Isso é que os cão dos homens não...
- Os cão não, mana. Diz-se cães. - dona Lu corrigiu.
- Obrigada, mana. Como estava a falar, o problema é que esses cães dos homens muitos não conseguem respeitar uma mulher. Pensam que só servimos para se...
- Ehhhh! Para, mana Zumba. Aqui está passar crianças. - as duas caíram em gargalhadas.
- É o que digo na minha filha, muito cuidado ao escolher o homem que você vai querer dividir sua vida. Fica atenta a todos sinais, não tolera falta de respeito nunca. Se o cão é malandro no namoro, quando viverem juntos vai ser pior.
- Eu é que te conto. Esse cão que agora me abandonou porque não pode ter mulher zungueira sempre foi mesmo malandro, mas eu acreditava que podia mudar.
- Homem só muda se quiser, Zumba. Se for cão, vai continuar mesmo cão.
- Corre, mana. Os cães dos fiscale* estão a vir. - gritou dona Zumba. As duas mulheres saíram correndo deixando as chinelas.
27/02/2021
[Por: Luis da Silva Ubuntu]
#DoSambilaParaOmundo
Concordo com a dona Lu e a Dona Zumba, Homem é cão 😁
ResponderExcluirGostei muito❤️