Quase nada sabíamos sobre a vida, imagina sobre a morte!
Éramos todos menores de idade para entender os problemas dos adultos. Aliás! Éramos todos inocentes para dar importância aos problemas de crianças da nossa idade. Brincadeiras sempre serviam de distração para todos os problemas, para falta de comida nas nossas casas, para falta de energia, para a falta dos nossos pais que saíam cedo atrás de trazer qualquer coisa para comer no final do dia. A minha mãe vendia no mercado do roque santeiro, porém, do meu pai nunca soube o paradeiro. Verdade seja dita, também nunca senti falta, verdade é que faz falta quem já esteve presente uma vez.
Passávamos o dia todo jogando pinguito (jogador) ou futebol com bola de saco; as meninas ficavam do outro lado, entretidas com as suas bonecas de pano e fofocas sobre os meninos mais bonitos e sobre quem jogava melhor. Todos estudávamos no período da manhã, quando voltavamos para casa trocávamos de roupa e corríamos para rua, todos sabíamos que depois do matabicho a próxima refeição seria apenas o jantar. A minha mãe dizia que o almoço era coisa de burguês, mas a verdade é que éramos pobres para nos dar o luxo de ter tantas refeições num dia.
Em meio a tanta criança sorridente, havia um que parecia sempre mais feliz que o normal. Nunca calava, falava o tempo todo e tinha sempre histórias para contar. Todos sabíamos que ele era menos feliz que nós, é que a sua mãe batia nele todos os santos dias quando voltasse para casa, a casa não tinha quintal vedado, então todos nós assistíamos a surra que a sua mãe o dava todos os dias, os motivos não sabíamos quais eram. Mas no dia seguinte ele chegava super feliz da vida, como se não acontecesse nada na noite anterior.
Naquela manhã não foi diferente, era uma manhã de sábado. Jogamos futebol como sempre e cada um foi para a sua casa ver ser tinha alguma coisa para comer, o combinado era jogar novamente pela tarde. Quando a tarde chegou, estávamos todos aguardando aquele menino que parecia sempre feliz, ele jogava mal, mas era o dono da bola. Ele demorava mais que o normal, então decidimos todos ir até a sua casa. Encontramos adultos a chorarem, queríamos entender o que se estava a passar. Quando perguntamos, nos disseram que o nosso amigo havia tirado a própria vida. Quase nada sabiamos sobre a vida, agora imagina sobre a morte?
"Depressão não é frescura, adultos e crianças têm morrido por conta disso. Precisamos todos ficar atentos aos sinais."
Por: Luis da Silva Ubuntu
#DoSambilaParaOmundo
#SetembroAmarelo
#NumStragouNada
Sou muito Grato pelo que fazem, vocês me inspiram muito...
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