Paz
Paz? Não me peça para falar de paz.
Não me peça para falar dessa paz que se escreve com o mesmo P de política, P de presidência, P de pobres.
4 de abril devia ser dia das mentiras. Porque não há paz nos guetos da nossa cidade, a propósito nem mesmo há paz entre eles nos seus palácios. Mas vivemos todos silenciados numa guerra estratégica e camuflada. Vivemos todos desejando que um dia nos orgulharemos dessa terra sagrada. Mas os sonhos são amputados pela corrupção; sonhos amputados pela decadência do sistema académico; sonhos são tornados em pesadelos; sonhos permanecem sonhos e esse país grande e belo te mostra a realidade que não é um conto de fadas.
Paz? Não me peça para falar de paz.
Não me peça para falar dessa paz que se escreve com o mesmo A de amor, A de azar, A de à toa.
Essa paz! Faz e desfaz quem nem a guerra fez e faz. Hoje a guerra não é armada. É um jogo de inteligência em que eles te recebem a munição, quer dizer, os cadernos. E te seguem com um desejo cedido e a falsa impressão de que és bem sucedido. Os nossos votos são perdidos em partidos, partidos ao meio entre os que têm boas intenções, mas não fazem; e os que nem têm sequer boas intenções para o povo. Um dia as coisas mudam, meu pai disse, mas creio que apenas os meus netos viverão para ver tais mudanças acontecerem.
Paz? Não me peça para falar de paz.
Não me peça para falar dessa paz que se escreve com o mesmo Z de zungueira, Z de zaranza, Z do
Eu vejo pás
Pás de recolha de lixo e não de tranquilidade
Vejo uma ou outra mudança nas ruas dessa cidade. Vejo mudanças drásticas nas ruas do meu coração quando, faço sorrir um desconhecido com um gesto de bondade. Eu percebi que essa paz não me será dada por homens engravatados, a paz é uma escolha de entendimento mútuo entre eu e as pessoas com quem me comunico. A paz é ajudar o outro a crescer sem querer arrancar sua felicidade. Ter paz é mais que um belo discurso a sorrir por cima de um altar. A paz,... A paz começa quando amamos o próximo como a nós mesmos.
Hadil Almeida
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