segunda-feira, 23 de maio de 2022

Icarus (Cap.2 - Ímpeto) - Por: Hadil Almeida

 


Icarus

 

Cap. II [Ímpeto]

 

Amor, Ímpeto, vício e dinheiro; foi por isto que grandes homens e mulheres sucumbiram.

 

Ímpeto; primeiramente vamos desmistificar a palavra para uma melhor compreensão dos parágrafos abaixo. Conceitos da palavra: Força que surge intensa e inesperadamente; violência; a intensidade das sensações, dos sentimentos; entusiasmo no desenvolvimento de alguma coisa; pressa ou impulso.

 

Um velho amigo, Wagner Nahombo me disse uma vez, "Use sempre a regra dos 3 segundos quando tiveres que reagir." Permitam-me falar sobre essa regra de ouro que me livrou de muitos problemas após ter aprendido. Não lembro a ocasião do ensinamento, mas permaneci com a lição que também pretendo passar aqui. Essa regra de ouro surge com o efeito de quando estivermos numa situação menos boa, nos questionarmos: "O que acontecerá daqui a três segundos se eu fizer isso?" Responder a esta pergunta pode te livrar de muita reacção precipitada, absurda, erros crassos e até da própria morte.

 

Paciência e o tempo são alguns elementos da equação que tem como resultado a sabedoria. Alguns treinadores de desportos de combate usam a filosofia de incentivar os seus lutadores a deixarem os adversários irritados ou com raiva. O processo começa antes do combate, pode ser nas conferências de imprensa e finaliza durante a luta, quando ainda continuam falando coisas no adversário que o deixariam irritado. Desta feita, pelo sentimento de animosidade que vem sendo nutrido é esperado que o adversário exploda de raiva e cometa o erro de atacar enraivecidamente ignorando seu treinamento e acabando por se auto-sabotar. Esses treinadores reconhecem o poder autodestrutivo da impetuosidade. A mesma estratégia é usada nas mais diferentes áreas, apenas sendo aplicada de modo que se adeque a situação.

 

Não há um lado bom no quadrado da impetuosidade. Justamente por isso o classifico como um defeito. As pessoas que carregam este defeito são facilmente manipuladas e frequentemente transformam situações simples em momentos intensos. Inspira e expira. Tente este exercício antes de reagires como um tolo. Tomemos o exemplo do Sony em "O Poderoso chefão". Sony, trinta e poucos anos, tinha acabado de se tornar o chefe dos negócios legais e ilegais da sua poderosa família, e como tal, está posição trazia consigo os seus inimigos. Um certo dia ele recebeu uma ligação da irmã em prantos, chorando amargamente por ter sido espancada brutalmente pelo marido. Já havia rumores daquela relação instável. Tão logo Sony ouviu, saiu de casa apressadamente sem os seguranças com quem andava, pronto para fazer o mesmo com o seu cunhado. Ao chegar próximo da casa da irmã, ele caiu em uma emboscada e foi morto com uma chuva de tiros sem ter tido a chance sequer de sair do carro. Nos bastidores deste assassinato, estava o próprio cunhado, que foi pago para espancar a própria mulher e a coagir que chamasse o irmão. Quem o pagou sabia do defeito do Sony de resolver as coisas na brutalidade e sem pensar duas vezes. Jogou com o defeito dele e o encurralou numa armadilha bem estratégica.

 

Impaciência é um gatilho forte no jogo das emoções. Geralmente associada a imprudência e em seguida a consequências negativas. Tal como é mencionado na introdução desta crônica, se tiveres cinco minutos para resolver uma questão, use os primeiros dois minutos para concentração e análise. Se essa estratégia te parece um desperdício de tempo, então aí começa o teu erro, que é partir para acção primeiro. Focares na tua concentração e análise do caso te ajuda na simplificação da resolução do problema. Os minutos que usei como referência, são apenas um exemplo, o âmago da questão é sempre refletires antes da acção.

 

A famosa lei de Newton, Toda acção tem uma reação, não sublinha que a reacção tem de ser instantânea, impulsiva ou no calor do momento. Muito menos ensina que a tua reacção deve ser igual a atitude contra você, a lei fala simplesmente de uma reacção. Que tendo agora a noção do âmago deste discurso, sabes que precisas premeditar como ages. Ser calculista é um luxo que qualquer um pode ter.

 

Estava eu uma vez a trabalhar no estabelecimento do meu pai, servindo para alguns professores durante uma actividade. As trocas de pedidos, indecisões e petulância de alguns estava a cruzar a minha linha vermelha. Eu estava pronto para fazer afronta com o próximo que me complicasse. Uma das senhoras que já estava na minha lista negra chamou por mim. Reparou bem no meu rosto e comentou: "És filho da professora Juliana! És muito parecido com ela." Pasmo. Eu disse que sim porque era verdade. Ela logo ficou encantadora comigo, teceu elogios para a minha mãe, apresentou-me para outras duas professoras e ainda pagaram-me uma bebida. Tudo pelo que a minha mãe significava para elas.

 

Dei por mim pensando logo de seguida, e se eu tivesse sido impetuoso como estava prestes a ser. Qual efeito teria causado na relação delas com a minha mãe? Não ter sido livrou-me de algo que não sei como terminaria. O arrependimento é o denominador comum após os erros, mesmo aqueles que poderiam ser facilmente evitados. Casos de violência doméstica, são intrínsecos a este defeito, e a tolerância que se dá para quem age deste jeito parece simplesmente incentivar o acto.

 

Quando aconselho a não sermos impetuosos, não me refiro a permitirmos sermos abusados verbal ou fisicamente sem revidarmos. O ponto é sabermos como proceder nesses momentos, porque mesmo com a plena razão ainda podemos perder uma batalha quando não estamos preparados para a luta. Sun Tzu dizia, que uma guerra não é vencida no campo de batalha ao empunhar a espada no adversário, mas sim pelo conhecimento que se tem sobre o adversário e na preparação estratégica antes dos soldados sequer banharem suas espadas com sangue.

 

"Reconhecer as nossas desvantagens, na verdade é uma vantagem". [Citação do livro Uma boleia do destino] Advertência! Saber escolher o momento certo para "lutar" é tão  importante como saber com quem lutar. Ainda que o "inimigo" seja fraco se entrares em um combate contra ele na sua zona de conforto ou junto dos seus aliados, já tens metade da guerra perdida. Essa analogia sobre guerra é justamente para ser transformada e aplicada nos demais contextos sociais. Negócios, relacionamentos e pequenas situações do dia-a-dia. Um bom exemplo sobre como o impulso a violência e combater sem conhecer o adversário pode ser uma escolha errada, é o de Golias que, subestimou Davi e foi derrotado com a mesma rapidez com que foi impulsivo em desafiar todos.

 

Conhecer o adversário antes do combate não é apenas sobre luta, é uma analogia; da preparação para aquela grande entrevista ou teste; é conhecer a mulher ou homem com quem vais dividir um tecto; é usar seu próprio conhecimento sobre si para te tornares melhor.

 

Jamais permita que o ímpeto te faça perder a honra e o respeito. Assuma o controle. E sempre que tiveres que enfrentar algo ou alguém certifique-se que, seja o momento certo, que tenhas noção das tuas desvantagens e que a regra de ouro dos três segundos esteja ao teu pleno favor.

 

Os exemplos reais de homens e mulheres que cedem a este impulso é enorme. Vou deixar que você também nos conte algo que já tenhas testemunhado.

 

Hadil Almeida

Cap. III Vício (em dois dias)

 

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