quarta-feira, 15 de junho de 2022

Ela está na montra! Por: Hadil Almeida

  

 

 

 

Ela está na montra!

 

Ela sabe que logo à primeira impressão chama atenção até de pastores. Pelo corpo esbelto com curvas, roupas apertadas  delineando seu corpo milimetricamente bem estruturado e o conjunto de produtos de maquiagem que só limpa do rosto antes de dormir. E foi deste jeito, que ela me atraiu pra sua vida. Nossa relação começou logo pulando as etapas normais de um relacionamento comum, o que devia ser um sinal para mim. Porém quando a lâmpada vermelha acendia alertando alguma coisa, minha atenção era logo desviada pelos seus decotes ousados presos num sutiã vermelho. Ela parecia estar com um pé no acelerador, mesmo sendo eu quem era perturbado pela ansiedade. Rejeitei que ela conhecesse minha mãe, rejeitei ir a casa dos pais dela e rejeitei o que mais ela forçava, que parecia que só me prenderia em um laço emocional frívolo. E numa certa manhã, sem conversa ou discussão alguma, ela se afastou. E bem a minha vista, via ela se aproximando doutro cara, que com o tempo ouvi que estavam juntos. Fui rapidamente descartado num estalar de dedos. E em pouco tempo depois, ouvimos que o cara com quem ela estava tinha na verdade outra relação sólida e que ela não passava de um pneu de socorro.

 

Sua beleza a tornava tão cheia de si, mas vazia ao mesmo tempo.

 

Percebi que a sua personalidade forte empoderava suas atitudes descuidadas sedentas por atenção. Ela expunha o seu corpo mais que pinturas no museu de  L'ouvre. E abria a sua Monalisa para certos homens pintarem na esperança de encontrar o seu DaVinci. E outra vez e mais uma vez, o coração partido quase virava sua marca registrada. Ela confideciava com as amigas que tudo o que queria era alguém que lhe desse o que quisesse; que lhe amasse; que cuidasse dela; e lhe fizesse feliz. E nunca lhe passava pela cabeça que a primeira pessoa a quem ela deveria cobrar isso, era ela mesma.

 

Ela não queria mais receber uma flor, ela só queria que ela não murchasse. Porém o tempo não espera por ninguém. Ela não percebe como tem se vendido por muito pouco. Se desgastando emocionalmente perdendo tempo procurando um homem para se sentir mais mulher.

 

Ela vive se pressionando com os estereótipos de sucesso da sociedade, pressionada pela família tradicionalista, cedendo ao imediatismo e tentando se igualar as demais jovens que tiveram a sorte de ter um anel no dedo e amor. Então ela aceita qualquer preço sem reconhecer o seu valor. Ela ainda está com vinte e poucos anos, vive com medo de atingir os trinta sem ser chamada de esposa. Devia é ter medo de ser uma esposa sem ainda ser uma  mulher de verdade. Ela devia ter medo de aumentar o número de homens que passam na sua vida e não com medo da idade avançando. Mas por ela escolher os medos errados e ter coragem para apenas fugir da verdade, lá está ela, exposta na montra da vida.

 

Ela está na montra. Trocando homens quase que o mesmo número de vezes que troca de roupa interior. E com homens mais preocupados apenas com o seu exterior. Lá está ela, na montra. Vivendo desesperada por um conceito de amor que viu em filmes de Hollywood, então se prostra na vitrine sem perceber que aí os homens não avaliam o carácter, porém o corpo, que na qual descartam após usarem. Ela não é a única, algumas de suas amigas também caíram nisso.

 

E lá estava eu, passando pela cidade um bom tempo depois de tudo quando a vi. E sorriu para mim, flertando na conversa e parecendo novamente interessada. Embora eu já havia seguido com a minha vida. Porém, tristemente percebi, que um dia ela será levada por um comprador barato ou de graça por uma desgraça, porque o tempo passou, muita coisa mudou, mas ela, desesperada por um homem que se encaixe, continua lá na porra da montra.

 

Hadil Almeida




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