“Dizumba Grande”
Rapidamente a música do Nagrelha dos Lambas que tocava na coluna de som foi abafada, a verdadeira “dizumba grande” estava a decorrer na rua. Ouviam-se várias vozes ao mesmo tempo e em tom bem alto, Kilembe apressadamente correu para ver o que estava acontecer. Havia uma senhora desmaiada, o mais estranho era que ninguém da vizinhança a conhecia.
- Essa Mboa tem o quê?- Perguntou Kilembe.
- Essa não é mboa, é mamoite. - protestou o amigo do Kilembe.
- Txe! Não me complica, mô ndengue. Aconteceu quê?
- Ninguém sabe quem é essa mamoite, estava a passar e do nada caiu.
Jogavam água a senhora, mas não despertava. Com celeridade, Kilembe pegou na senhora e correu com a mesma ao centro médico. Após algum tempo sentado à espera de alguma resposta, o médico finalmente surgiu e perguntou:
- Quem é o familiar da senhora que chegou desmaiada?
Kilembe não hesitou em levantar a mão.
- Estou aqui, meu kota.
- Kota é na rua, me trate por médico João!
- Faz um coro, papoite. A kota está bem?
O médico meneou a cabeça em sinal de negação pela resposta. Em seguida disse:
- A senhora está bem!
Ela pediu que chamasse a pessoa que lhe trouxe.
Acompanhado do médico, Kilembe foi até a sala onde estava a senhora.
- Você qui me trazeu aqui? - A senhora perguntou.
Kilembe olhava de cima para baixo a senhora, observando cada detalhe.
- Sim! É memo eu, minha kota.
- Muito obrigado, meu bonito.
- Ela quis dizer obrigada! - cortou o médico antes que Kilembe respondesse. - Já está tudo bem, possivelmente ela desmaiou por cansaço. Já podem ir! - ordenou o médico.
A senhora levantou-se da cama, Kilembe deu o seu braço para que ela pudesse se apoiar, era visível os sinais de fraqueza por parte dela. Já na rua, Kilembe perguntou:
- Onde é tua casa, minha kota?
- Não me chama de kota, sou Joana. - respondeu..
- Eu sou o Kilembe, Joana. Vou te acompanhar até na tua casa.
- Eu não tenho casa! Não queres viver comigo?
Kilembe sorriu da resposta.
- Como assim não tens casa?
- Não tenho casa! Fala, não ques vive comigo?
- Eu mbora não bato bem, vou aceitar mesmo.
- Tua mulhe não vai me bate?
- Minha mulhe é você! - Kilembe respondeu sorrindo. Joana o parou e beijaram-se apaixonadamente.
Todos olhavam admirados para Kilembe voltando abraçado e acompanhado da senhora que ninguém sabia de onde vinha. A diferença de idade era visível, mas Kilembe não se importa. Chegou em casa com confiança e colocou a Joana no seu quarto de fora. Avisou a todos de casa que agora tinha uma mulher, ninguém conseguiu nada dizer, todos sabiam o quanto Kilembe era indisciplinado. Aquela mulher que não pertencia a nenhum lugar, passou a pertencer ao Kilembe. Para todos não fazia sentido, porém, para os dois era o princípio de uma história de amor.
Infelizmente surgiu um problema, quanto mais o tempo passava, mas Kilembe ficava adoentado e magro, todos associavam ao consumo exagerado do álcool e liamba. Passaram alguns meses, tal como de forma misteriosa Joana apareceu, de igual modo ela desapareceu, só que agora deixou uma marca que levava a vida do Kilembe lentamente, a marca do HIV-Sida.
Por: Luis da Silva Ubuntu
#DoSambilaParaOmundo
Que história, meu!! Admirável o nível de criatividade e imaginação. Embora senti algum vácuo no entrosamento da saída do hospital até começar o Romance(Penso que mais detalhes até chegar o beijo, daria um complemento agradável). No final das contas, muitos parabéns!!
ResponderExcluirObrigado pelo seu comentário 💖 Pegamos a dica.
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